14/12/2013

«Exilada» - soneto inédito revelado a 06.12.2013

EXILADA [1]



Paisagem alentejana, reprodução de tela.
Imagem divulgada por Eduardo Luís Godinho, no Facebook.


Quem pôs dentro de mim esta ânsia ardente
De quanto é belo e puro e luminoso
— se eu tinha de viver, humanamente,
Prisioneira d'um mundo tormentoso?

Quem me formou um coração fremente,
Torturado, exigente, cobiçoso
D’Altura, d’Infinito – se, impotente,
Queria limitar meu voo ansioso?

Ah! Não sou deste mundo! O meu país
Não é este, onde o sonho contradiz
A realidade! Eu sou uma exilada,

Que um duro engano fez nascer aqui!
Tirem-me da prisão onde caí!
Arranquem-me as algemas de forçada!

Florbela Espanca








[1] Um de seis sonetos inéditos – e até hoje desconhecidos – de Florbela, divulgado na conferência-recital “Os Poemas Inéditos de Florbela Espanca”, org. Associação Nova Acrópole, Lisboa, 06.12.2013. – conferência proferida por José Carlos Fernández; poemas declamados pelo Grupo de Poesia Florbela Espanca da Nova Acrópole.

Fonte escrita do poema: Recordar Florbela Espanca – Comunidade no Facebook.

Reprod. in GONÇALVES, Severina (2013), Poemas Inéditos de Florbela Espanca, Lisboa: Edições Nova Acrópole. [ainda não vi édito este livro]