02/01/2015

EM BUSCA DO AMOR

Imagem de um artigo publicado em Le Mauricien 


O meu Destino disse-me a chorar:
— “Pela estrada da Vida vai andando,
E, aos que vires passar, interrogando
Acerca do Amor que hás-de encontrar.”

Fui pela estrada a rir e a cantar,
As contas do meu sonho desfilando...
E noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui sempre caminhando e perguntando...

Mesmo a um velho eu perguntei: — “Velhinho,
Viste o Amor acaso em teu caminho?”
E o velho estremeceu... olhou... e riu...

Agora pela estrada, já cansados
Voltam todos p’ra trás desanimados...
E eu paro a murmurar: — “Ninguém o viu!...”

FLORBELA ESPANCA
Livro de mágoas (1919)


Referência:
PEREIRA, José Carlos Seabra (org. e notas) - Obra Poética, volume I, de "Obras de Florbela Espanca". Lisboa: Editorial Presença, 2009, p. 86.